COMO REAGI AO DIAGÓSTICO
- Aleandra Lima
- 4 de mai.
- 2 min de leitura
Quando recebi o diagnóstico de autismo, a sensação que predominou foi de estar reconfortada. Por muito tempo, carreguei dúvidas e questionamentos de certas coisas que me pareciam tão desafiadoras quando comparado ao que se esperava e espera “socialmente”. Fui uma criança que “nunca deu trabalho”, sempre fui muito quietinha, não interagia com pessoas e em ambientes que não fosse minha casa e com os meus irmãos (fala da minha mãe).
Cresci sem amigos e não me encaixava nenhum grupo social, até na igreja que foi sempre a minha comparação social, era ruim. Tinha momentos que eu queria fugir, correr, desaparecer para não sentir algo que me incomodava e não sabia se expressar o que era.
Na trágica adolescência foi uma das piores fases, cada vez mais evidente e discrepante o quanto não me encaixava em nada, absolutamente nada o que os colegas de escola viviam (paqueras, saídas, torneios, acompamentos, formatura). Enquanto as meninas paqueravam, eu não entendia o porque tinha que gostar de alguém. Só pensava “preciso estudar e ser alguém na vida”, minha cabeça e pensamentos eram distantes da vivência “adolescente”. Parecia viver em um mundo paralelo ao deles.
Na vida adulta, começou a desabar tudo! Todas as diferenças pareciam ir em sentido contrário das pessoas com idade parecida com a minha. Sempre me dei bem com pessoas mais velhas, parece que elas “não são pessoas chatas” e conhecem muito mais do saber que as pessoas da minha idade ou mais novas.
Enfim…
O diagnóstico para mim, trouxe clareza, como se finalmente houvesse uma explicação para tantas experiências que antes pareciam incompreensíveis. Longe de ser algo negativo, foi um momento de alívio, como se eu estivesse me reencontrando, entendendo partes de mim que sempre estiveram ali, mas que agora faziam sentido.
Invalidar a dor do outro, não te deixa melhor!
Autoconhecimento ainda é o melhor caminho para aceitação.

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